Tributo ao Frei Chico (Franciscus Henricus van Del Poel): imenso legado nos deixou. “Cultura é Vida”

Tributo ao Frei Chico (Franciscus Henricus van Del Poel): imenso legado nos deixou. “Cultura é Vida”

Hoje, manhã do dia 14 de janeiro de 2023, Frei Chico (Franciscus Henricus van Der Poel), aos 82 anos, fez sua travessia para a vida em plenitude. Frei Chico, eminente pesquisador da cultura popular aliada à religiosidade no Brasil. Faleceu nesta manhã no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, MG. Frei Chico, como é conhecido o religioso holandês radicado no país desde a década de 1960, é o responsável por uma obra superlativa sobre cultura e religiosidade nacionais, o Dicionário de Religiosidade Popular, compêndio lançado em 2013 e que necessitou de mais de 40 anos de pesquisa pelo interior do Brasil, oito deles somente no Vale do Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais.

Recebeu a Comenda da Paz Chico Xavier, honraria outorgada anualmente pelo Governo de Minas Gerais em homenagem a pessoas físicas ou jurídicas que trabalham pela paz e pelo bem-estar social. Nascido em Zoeterwoude na Holanda, no dia 03 de março de 1940. Frade franciscano desde 1960 e sacerdote católico desde 1967. Possui graduação em Teologia – Philosophicum Franciscanum Venray (1967). Chegada ao Brasil em 17/11/1967. Graduação em Filosofia pela Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras (1973).

Pesquisador da cultura popular (tradição oral) no Vale do Jequitinhonha, durante oito anos. Formador de lideranças. Fundador do coral “Trovadores do Vale”, em Araçuaí em 1970. Autor de sete livros sobre cultura e religiosidade popular (por ex. Dicionário da Religiosidade Popular, 2013, 1150 p.). Membro da Comissão Mineira de Folclore (1981), do Instituto Histórico e Geográfico de MG (1990). Conselheiro do Centro da Memória da Medicina da UFMG, docente no Instituto Carl Gustav Jung de MG e palestrante na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (BH). Músico da OMB, palhaço do “Pano de Roda” (BH). Presença marcante em movimentos populares (folias, congados e terreiros afro-brasileiros), no meio artístico (música e teatro) e na mídia. Conferências em muitas universidades e congressos. Frei Chico também participou da edição do livro “Um olhar sobre o Congado das Minas Gerais”, de autoria da Professora da UEMG, Cris Nery, escrevendo o texto “Congado: origens e identidade”.

Rubinho do Vale escreveu sobre frei Chico: “Partiu para os braços do Pai o querido amigo frei Chico, o holandês mais brasileiro que existe. Foi morar em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, fundou o Coral Trovadores do Vale, membro da Comissão Mineira de Folclore, teólogo, filósofo, professor e pesquisador apaixonado pela cultura popular, um ser humano maravilho, generoso, de um desprendimento incrível. Ele nos ensinava que Cultura é Vida, dedicou sua vida na defesa da Cultura Popular, amou como poucos o Vale do Jequitinhonha, seu povo, sua arte e sua cultura. Cultura é vida, Frei Chico, sua vida será sempre referencial, inspiração, Luz, ensinamentos de amor e esperança para mim e para muita gente que te respeita, te admira e te ama. Siga na Luz e na Paz, querido amigo, frei Chico.”

Frei Chico, presente sempre em nós na luta por tudo o que é justo! E agora partilhando vida plena. Gratidão eterna ao frei Chico, que foi reflexo da luz e da força divina no nosso meio.