Tributo a Ana Maria Baptista: homenagem das/os companheiras/os, amigas/os da CPT/MG

Tributo a Ana Maria Baptista: homenagem das/os companheiras/os, amigas/os da CPT/MG

Irmã Ana Maria Baptista, da Congregação Instituto Santa Cruz. Fotos: Arquivo da CPT/MG

Ana Mari Baptista nasceu dia 14 de setembro de 1946 e se encantou, fez sua travessia para vida plena, terna e eterna, dia 18 de dezembro de 2023. Ana Maria foi celebrar o Natal de 2023 na glória ao lado da Trindade Santa, a melhor comunidade, e junto a tantos que, como ela, “combateram o bom combate e perseveraram na fé” (2Tm 4,7-8). É dever nosso dedicar-lhe um tributo como sinal da nossa eterna gratidão por Ana Maria ter dedicado sua vida à luta ao lado dos Povos Camponeses na luta pelos seus direitos como integrante da Comissão Pastoral da Terra, em Minas Gerais.

Irmã Ana Maria Baptista, da Congregação Instituto Santa Cruz, paulista de nascimento, escolheu Minas Gerais, e, mais precisamente, o Vale do Jequitinhonha para viver, conviver e lutar por direitos dos Povos injustiçados.  Esteve desde a década de 1980, em Medina, no Vale do Jequitinhonha, contribuindo com o trabalho pastoral junto às camponesas, muitas delas sofrendo com a ausência dos maridos, migrantes para São Paulo, onde permaneciam de seis a oito meses trabalhando, em monoculturas, na colheita da cana, café ou laranja.  Elas criaram e educaram seus filhos sozinhas, na lida da casa e da roça, muitas vezes sendo chamadas de “viúvas de maridos vivos”.

Irmã Ana Maria Baptista, da Congregação Instituto Santa Cruz. Fotos: Arquivo da CPT/MG

“ANA DA CPT”, “ANA DO JEQUI”, “ANA MARIA DE MEDINA”, formas carinhosas que ganhou nessa luta em defesa dos direitos do povo. Ana Maria acompanhou de perto a Pastoral dos Migrantes.  Assistiu e lutou contra a chegada da “modernização conservadora do campo” e dos grandes projetos do grande capital nos Vales do Jequitinhonha: os projetos de (des)florestamento com a monocultura do Eucalipto, os projetos de barragens, como a de Irapé no Rio Jequitinhonha. Na CPT/MG, esteve ao lado dos camponeses e camponesas, das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), das Irmãs da Providencia de Gap, dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs), do Campo-Vale, e do Centro Agroecológico Vicente Nica (CAV) na defesa da cultura popular, dos direitos humanos e do acesso à terra no médio Jequitinhonha.

Nos anos de 1990 veio para Belo Horizonte e por mais de uma vez contribuiu na coordenação da CPT/MG, ao lado de companheiras, como Irmã Paula e Cida de Souza. Teve tarefa especial, como jornalista, na comunicação e no Jornal Pelejando, instrumento de articulação e de trabalho de base, por quase duas décadas de publicação pela CPT/MG. Dedicou-se, ainda, à formação de lideranças políticas, sindicais e dos/as agentes das Pastorais Sociais. Da mesma forma,  contribuiu muito na criação da Escola Família Agrícola (EFA) de Medina.

Retornou para Medina, na década de 2000, onde morou até o último ano de sua vida. Escolheu viver ao lado das camponesas e camponeses mais empobrecidos da região, ao sopé de uma linda serra azul, de onde a contemplava do cantinho de seu quintal. E onde deixou uma relíquia para o povo e vizinhos: um santuário vivo, debaixo de magnifica árvore do cerrado, onde construiu um pequeno altar com flores e símbolos da cultura do Vale, da luta e fotos das diversas comunidades por onde passou. Ali fazia suas orações e celebrava a vida! Agora continua cuidando das flores e do jardim de Deus!

Ana Maria esteve, está e estará presente entre nós, em nós, que a honraremos na paixão e na divulgação das justas lutas do campo. Salve Ana Maria, sua generosidade, sua luta, seu afeto e alegria! Ana Maria, PRESENTE, sempre em nós e nas lutas por tudo o que é justo!

P.S.: Escrito por Rosely, Zilah e frei Gilvander, da CPT/MG