Justiça pelo Guerreiro Merong Kamacã Mongoió – Nota da CPT/MG e CEDEFES

O guerreiro Cacique Merong (Wallace Santos Souza), liderança do povo Kamakã Mongoió, da Retomada Indígena Kamakã Mongoió, em Córrego de Areias, Casa Branca, Brumadinho, MG, encantou-se. Grande liderança do povo indígena mineiro e brasileiro, enfrentou heroicamente a polícia militar, a mineradora VALE S/A assassina reincidente e seus capangas. Ontem, dia 04 de março de 2024, foi encontrado morto, por volta das 7h40 da manhã, na casa dele na Retomada Kamakã Mongoió. A casa de Merong fica dentro da mata distante mais de 200 metros da casa da Cacica Katorã e de Kenowara. Pelo horário, pelo local e também pela jeito que ele foi encontrado é perfeitamente possível que alguém (ou mais de uma pessoa) o ter matado e montado um cenário com aparência de suicídio.

Recentemente, o Cacique Merong havia manifestado a intenção de “ampliar as lutas” em conversa recente ocorrida no dia 25 de fevereiro último com vários amigos, parentes e apoiadores. Estava com vários planos e projetos para a Retomada.

Merong nasceu em Contagem (MG) e foi viver na Bahia ainda criança. Como liderança, também exerceu atividades no Rio Grande do Sul e participou da Ocupação Lanceiros Negros, iniciativa que contribuiu com as retomadas Xokleng, no município gaúcho de São Francisco de Paula, e Guarani Mbya em Maquiné.  

A Polícia Federal deve conduzir as investigações para saber sobre sua morte. A luta aguerrida e justa de Merong incomodava muito a Vale S/A, policiais e outras pessoas cúmplices das relações sociais escravocratas do capitalismo. Merong estava sofrendo muitas ameaças de morte.

QUEM MATOU MERONG?

O caciqueMerong dia 25/02/24 nos disse que diante das injustiças sociais há muitos jovens brasileiros suicidando, mas “eu sou jovem, mas jamais suicidarei”. Merong disse várias vezes: “Se me matarem na luta, me transformarei em adubo para fazer germinar mais lutas pelos direitos indígenas para retomarmos nossos Territórios. A mineradora Vale S/A só destrói Brumadinho, Minas Gerais e o estado do Pará. Para a Retomada Kamakã Mongoió, aqui em Brumadinho, fomos e somos guiados pelo Grande Espírito. Se me tombarem na luta, quero ser plantado no nosso Território Kamakã.”

Nós, do Centro de Documentação Eloy Ferreira (CEDEFES) e Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG), rendemos a ele nossa justa Homenagem! Que os Encantados deem força à sua família e seus parentes. Cacique Merong! PRESENTE! PRESENTE! PRESENTE! Cacique Merong, mas um mártir da luta dos Povos Indígenas no Brasil.

Belo Horizonte, MG, 05 de março de 2024.

Assinam esta Nota:

Centro de Documentação Eloy Ferreira (CEDEFES)

e Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG)

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Cacica Katorã, do Povo Kamakã Mongoió, de Brumadinho, MG: “A luta pelo Território vai continuar. Não arredamos o pé daqui. Merong jamais suicidaria. Tiraram a vida dele” – 04/03/24

2 – Oração/cantoria Indígena clamando por Justiça na Retomada Kamakã Mongoió, em Brumadinho, MG, após o assassinato da Cacique Merong. 04/03/24

3 – Cacique do Sul da Bahia na Retomada Kamakã Mongoió: “Cacique Merong é um grande guerreiro. Continuaremos a luta dele, que é nossa” Vídeo 3 – 04/03/24