Carta da XXIII Assembleia da Comissão Pastoral da Terra, em Minas Gerais (CPT-MG) às Comunidades Camponesas

Carta da XXIII Assembleia da Comissão Pastoral da Terra, em Minas Gerais (CPT-MG) às Comunidades Camponesas

Dias 14 e 15 de agosto de 2021, celebrando seus 42 anos de caminhada e de luta ao lado dos Camponeses e Camponesas, nas suas mais diversas expressões, a Comissão Pastoral da Terra, em Minas Gerais (CPT-MG), realizou sua XXIII Assembleia Estadual, de forma virtual, em contexto de pandemia da Covid-19, de política genocida, de superexploração do capitalismo, do agronegócio e de mudanças climáticas. Sob a inspiração do Lema “Por que clamas a mim? Diga ao povo que marche!” (Êxodo 14,15) e com dois Temas orientadores: 1) CPT/MG: Missão da CPT em tempos de política de morte, mineração devastadora e injustiça agrária: Opção pelos pobres; 2) CPT-MG: Ser uma voz que denuncia com rebeldia profética e anuncia a resistência e a luta dos povos e comunidades do campo.

Acolhidos fraternalmente e embalados/as por mística e espiritualidade libertadora, ecumênica e inter-religiosa, participaram mais de 70 pessoas, trabalhadores e trabalhadoras camponesas/es, agentes de pastoral da CPT, parceiros(as) de luta da Cáritas, do MAM, do FOMENE, da RENAP e alguns convidados(as). Pela Direção nacional da CPT participou conosco Carlos Lima. Partilhamos, de forma sintética, os desafios enfrentados no último período, experiências de resistência, demandas e apontamos prioridades a serem assumidas com afinco. Fizemos uma inspiradora e provocadora Análise de Conjuntura com a assessoria de Charles Trocate, do MAM, e da Vanúbia Lopes, da CPT nacional. Fizemos atualização do Regimento Interno, eleição da nova Coordenação da CPT-MG e do Conselho Estadual.

Dentro de três grandes prioridades assumidas, foi posto que a CPT-MG continuará lutando, como pastoral social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e outras igrejas que caminham de forma ecumênica, com os camponeses e camponesas pelas suas causas, que incluem: Combate à mineração devastadora; Fortalecimento da Agricultura Familiar Camponesa na linha da agroecologia; Fortalecimento da agroecologia frente à mineração; Resgate do Trabalho de Base que crie e amplie comunidades de resistência; Educação do/no Campo; Comunicação em tempos de pandemia; Busca de alternativas financeiras e ampliação das Equipes nas Sub- Regiões; Ajuda no combate dos impactos da crise global; Aprimoração de estratégias de formação na linha da Teologia da Libertação, da Teologia da Terra, da Teologia da Água e Comunicação Popular; Defesa do meio ambiente e da sustentabilidade; Luta pelo acesso a políticas públicas (necessidades básicas); Ampliação e aprimoração de estratégias e práticas de formação, comunicação e articulação, em especial no trabalho com jovens e com as mulheres, no combate à violência de gênero, à homofobia que violenta as pessoas LGBTQI+; Adequação da estrutura organizativa da CPT aos desafios da realidade atual, fortalecendo setores e funções imprescindíveis, garantindo sua sustentabilidade econômica; Valorização da cultura popular; Reafirmação da luta pela superação do racismo e intolerância religiosa. Eis as três grandes prioridades assumidas pela CPT-MG para o próximo triênio: 1) Apoio e acompanhamento à Luta pela terra e territórios na defesa e resistência na terra e no enfrentamento a todas as ameaças do capital e do Estado; 2) Enfrentamento aos grandes projetos, como a mineração e barragens e outros, apoiando e acompanhando as lutas dos atingidos e seu protagonismo de resistência; 3) Apoio às lutas dos povos originários e tradicionais.

Com a bênção do Deus da vida, que é Pai e Mãe, com a inspiração de São Francisco de Assis e Clara, dos nossos ancestrais, dos encantados e dos/as mártires, terminamos a XXIII Assembleia da CPT-MG, animados/as para seguirmos a luta por todos os direitos dos camponeses e camponesas.